A termorregulação é um conjunto de mecanismos fisiológicos que ocorre no corpo humano a fim de mantê-lo na temperatura de 36,5ºC, independentemente da temperatura ambiente. Se esta última for muito alta, acima de 36,5ºC, nosso metabolismo tende a diminuir, baixando os batimentos cardíacos e ativando a vasodilatação nos vasos sanguíneos e na pele para aumentar a sudorese e resfriar a superfície corporal, promovendo a liberação do calor interno para o ambiente.
Quando a temperatura ambiente é mais baixa que a do corpo, menor que 36,5º C, acontece o inverso: há um aumento do metabolismo, com acréscimo dos batimentos cardíacos, uma vasoconstrição periférica e diminuição da sudorese para manter a irrigação a todos os tecidos e evitar a perda de calor para o ambiente.
Quando estamos nos exercitando, produzimos e sentimos calor, pois nosso corpo está com todo seu metabolismo ativado para abastecer os músculos de nutrientes. Como resultado da energia produzida, a água é liberada através da sudorese e da respiração, mecanismo fundamental para que a troca de calor seja mantida, e a temperatura de 36,5ºC seja preservada.
Por esse motivo, a temperatura ambiente geralmente acima de 30ºC, assim como a umidade relativa do ar baixa (< 30%) ou alta (>80%), comprometem a eficiência dessa troca de calor, podendo ocasionar o superaquecimento (hipertermia) do corpo e, consequentemente, a hipotensão arterial aguda seguida de síncope (desmaio) e até parada cardíaca.
Já num ambiente mais frio, geralmente abaixo de 20ºC, o exercício físico ajuda a manter a temperatura corporal estabilizada por mais tempo, porém se a exposição ao frio for prolongada, pode haver uma diminuição da temperatura corporal (hipotermia), com prejuízo nas funções motoras, tremores, arritmias cardíacas e parada cardiorrespiratória.
Na piscina, a troca de calor é mais rápida, pois a condutividade térmica da água é 25 vezes maior do que a do ar. Nesse processo, o corpo sempre perderá calor, já que a temperatura da água para a prática de exercícios nunca deverá ficar mais alta do que a dele. Essa perda é causada tanto pelo processo de condução (movimento de energia térmica de algo mais quente para algo mais frio), quanto pela convecção (perda de calor causada pelo movimento da água contra o corpo, mesmo se a água e o corpo estiverem na mesma temperatura).
Os principais órgãos que definem as condições ideais para a prática de atividades físicas na água são representados pela FINA (Federação Internacional de Natação); CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos); AEA (Aquatic Exercise Association) e ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Eles informam as seguintes temperaturas:
– Piscinas destinadas somente para natação, pólo aquático ou nado sincronizado (adultos e crianças acima de 3 anos): temperatura ideal de 25º a 28ºC.
– Piscinas destinadas somente para natação bebê (abaixo de 3 anos): temperatura ideal de 30ºC a 32ºC.
– Piscinas destinadas somente à hidroginástica: temperatura ideal de 28ºC a 30ºC.
Em academias que possuem piscinas exclusivas para as modalidades descritas acima, as temperaturas indicadas são observadas. Já em lugares que compartilham a mesma piscina para modalidades distintas, como a natação adulto e a hidroginástica, a temperatura adotada é de 28ºC a 30ºC.
Nota-se que as temperaturas praticadas pelo AQUA/Centro de Atividades Aquáticas CRAQUE 10 e pela maioria dos clubes e academias do mundo são mais baixas do que a temperatura corporal. Assim, quando entramos na piscina, é absolutamente normal e previsto que a gente sinta um pouco de frio. Porém, como não vamos ficar parados na água, e, sim, em movimento, naturalmente e em poucos minutos produziremos calor suficiente para nos manter aquecidos durante o período de aula, que varia de 30 a 60 minutos.
Quando o exercício é praticado em intensidades mais altas (acima de 70% da capacidade máxima) e em piscinas com temperatura da água mais quente (acima de 30ºC), o risco de uma hipertermia é alto, e tampouco incomum, tendo em vista a maior dificuldade de perda de calor e consequente manutenção da temperatura corporal. Ao se observarem sintomas como sensação excessiva de calor, falta de ar, boca seca ou tontura, o exercício deve ser interrompido e a hidratação realizada.
É importante lembrar que a sensação de frio ou calor pode sofrer influência de variações individuais e por grupos específicos (ex: gestantes, idosos, atletas) de até 2ºC, em função da quantidade de receptores de temperatura na pele, da eficiência da comunicação dessas informações com o hipotálamo e suas devidas medidas de termorregulação (individuais) e das alterações hormonais que consequentemente modificam o metabolismo.
Nós temos um cuidado especial com a segurança e o bem-estar dos nossos alunos. Manter a temperatura ideal para a prática de exercícios na piscina é um compromisso diário.